terça-feira, 27 de dezembro de 2011

CADERNOS DA MEMÓRIA - ARTIGO O CENTURIÃO E JESUS

Emiliano Bernado Silva auto retrato.
Neste artigo meu papel foi de organizar o material que o querido Emiliano, havia preparado para a revista, o que eu fiz com grande prazer por se tratar de  recuperar, registrar e manter viva, um pouco da memória de uma das personalidades mais importantes e queridas do cenario cultural da cidade de Limeira, Emiliano Bernado Silva, um incansável criador. JD


O Centurião e Jesus
por Emiliano Bernado Silva e Jacqueline Durans


O programa Vídeo Show da Rede Globo de televisão, completou este ano 25 anos no ar e um dos seus quadros mais apreciados é o "Falha Nossa". E assim como na televisão a história do teatro guarda em seus bastidores muitos momentos difíceis como: falas esquecidas; objetos cênicos que a contra regragem esquece de colocar no lugar pedido; cenário que despenca em cena durante a apresentação; essas e entre tantas outras trapalhadas, colocam os artistas em verdadeiras saias justas que os obrigam a desenvolverem difíceis improvisações e quase "matam" o pobre do diretor do coração, que impotente nada pode fazer. Verdadeiros micos, que tornam estes momentos inesquecíveis.
Numa dessas vezes, em 1961 o grupo amador de Teatro do Nosso Clube, foi apresentar a peça "Jesus" no cinema da cidade de Artur Nogueira, SP. No dia a cidade estava toda alvoroçada com a chegada do grupo e também por que era época de eleições, todos comentavam sobre a realização de um grande comício que aconteceria em breve e que seria decisivo para os votos. 
Já no Cine Teatro alguns elementos da equipe desmontavam a telona de projeção para os filmes, montavam a luz, a cenografia, enquanto outros passeavam pela cidade fazendo um "reconhecimento" de território. 
Alguns minutos antes do inicio do espetáculo, todos nós estávamos apreensivos aguardando o Zovico (Orlando Zovico, hoje presidente e apresentador da TV Jornal - Limeira) que estava bem atrasado. 
Emiliano que era o diretor do espetáculo, já se preparava para entrar e fazer o papel de centurião no lugar dele. Quando colocou o capacete e este era tão grande que chegava até o seu nariz, foi justamente neste momento que o Zovico chegou. Aliviado Emiliano pediu a todos que não falassem nada. 
Zovico ao começar a se preparar, mantinha seu olhar fixo, ao amarrar o cordão da sandália o fez de tal modo que este arrebentou. Todos correram para ajeitar a situação. 
Depois com tudo pronto, no terceiro ato quando o centurião entra para apresentar o Cristo (interpretado por Gilson Penteado) à Pilatos (vivido por Daniel Cristal), na marcação quando o Cristo ficava de joelhos, deveria levar um "tapa cênico" do Centurião. O Zovico que interpretava o Centurião, não teve duvidas e lascou uma bofetada para valer no Cristo, derrubando-o ao chão. Ao recuperar-se da surpresa o Cristo, ou melhor o Gilson diz sua fala: - Se satisfeito ainda não estas Marcus, aqui tens o outro lado da face do filho do senhor. 
Enquanto isso o elenco que estava na coxia, sussurrava baixinho: - Zovico. Calma Zovico. No palco diante do publico alheio a tudo, Gilson o Cristo murmurou baixinho para Zovico: - Dá seu..., que você vai ver. Todos ficaram em estado de suspensão aguardando o desfecho da situação.  Zovico então suspirou bem fundo e baixou a mão. A esta altura a peruca do Cristo, já tinha dado voltas em sua cabeça e ele foi obrigado a sair do palco andando de lado.
Felizmente tudo acabou bem, mas o burburinho foi tão grande que vinte anos depois, o Ricardo Galzerano, escreveu uma matéria sobre a Semana Santa na revista Acontece de abril de 1981, narrando sobre o fato e o movimento da cidade de Artur Nogueira naquele fatídico dia.
Transcrevemos aqui parte do artigo, escrito por Ricardo Galzerano e publicado na revista Acontece:
"Alguns artistas e outras pessoas, discutiam sobre politica num dos antigos armazéns de secos e molhados, enquanto beliscavam fatias de mortadela, linguiça e bebiam uma cervejinha."


Curiosidade:
Uma figura que o teatro contemporâneo quase aboliu definitivamente é a do "ponto", que ficava na boca de cena do palco, dentro de um pequeno alçapão, de costas e protegido da visão do publico por uma especie de guarita.
A função do ponto era acompanhar as falas das personagens e quando algum ator esquecia seu texto o "ponto" o ajudava soprando o mesmo para o ator.
Limeira também possuía os seus "pontos",  entre eles estava o Napoleão Fonseca que certa vez ao receber a incumbência de durante uma apresentação tocar uma campainha de telefone quando o ator soltasse a deixa. Aconteceu que ele num mal jeito bateu na campainha e esta rolou em pleno palco diante do publico. Na hora todos ficaram atônitos - atores, publico e direção - diante do inusitado daquela situação, uma tipica falha nossa ao vivo.


Para falarmos sobre a história do teatro de Limeira, é importante lembrarmos que em 1926, portanto a mais de oitenta anos, foi montada e apresentada em nossa cidade uma revista musical - Ave Limeira. No programa da peça dizia o seguinte: Revista em III actos e uma apotheose. Original dos Senhores, Dr. Julio César da Silveira, Dr. Odécio Bueno de Camargo, Candido Cintra Ulhoa Coelho, Victorino Prata Castello Branco e Evaristo Esteves.
A apresentação era composta por vinte e cinco números musicais, dos maestros, Francisco Puzzone e Mario Monteiro
O Elenco:
Entre as onze senhorinhas: Sebastianinha Barros de Almeida (representando a cidade de Limeira), Nícia de Toledo Serra, Josina Ferraz Pompeu, Lola Ragazzo e Alda Pellegrini.
Entre os vinte e uma meninas: Helena Monteiro de Barros Santos, Nair Pellegrini, Glorinha Andrade Amaral, Nair Redondano e Maria José do São Matheus (que mais tarde viria a ser a primeira rainha da festa da laranja de Limeira), Helena e Zoraide Baenninger, Cacilda Braga, as irmãs Clóris, Cybelle e Aurora Peres Rios.
Entre os dez Senhores: Octávio Almeida Guimarães, Oscar Ramalho, Renato Pereira Guimarães e Benjamim Fonseca.
Entre os dezesseis meninos: José Joaquim Duarte do Páteo, Oscar Machado Gomes, Egisto Ragazzo Filho, José Breno Guimarães, Alvaro e Maximiliano Prada.




Emiliano Bernado Silva é 
Fotografo, Videomaker, 
Pintor e muito, 
muito mais...





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