sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Gaveta 35 - Alma encantada com o bater de asas das borboletas amarelas.


"Animula vagula, blandula, hospes comesque corporis, quce nunc
  abibis in loca pallidula, rígida, nudula, nec, ut soles, dabis iocos...”

 p. Ællius hadrianus, imp.

"Pequena alma, terna e flutuante,  hóspede e companheira de meu corpo,  vais descer aos lugares pálidos, duros, nus,  onde terás de renunciar aos jogos de outrora..."
p. Élio Adriano, imperador. (n. da t.)


Emoção, beleza e grandeza é o que sinto, 
ao me deparar com o paradoxo de minha pequenez,  
deslumbrada - felizmente - diante da constatação
de quanto é efêmero o tempo do conhecido, 
o quanto a vida é mistério. 

Minha gratidão a todos, 
que todos os dias fazem aquilo que deve ser feito
e ainda preservam o sorriso no rosto.  JD

Margarite Yourcenar em seu romance "Memórias de Adriano", nos diz: 
“Deitei-me sobre um leito depois de me haver despojado do manto e da túnica. Poupo-te detalhes que te seriam tão desagradáveis quanto a mim mesmo, omitindo a descrição do corpo de um homem que avança em idade e prepara-se para morrer de hidropsia do coração.Digamos somente que tossi, respirei e retive o fôlego segundo as indicações de Hermógenes, alarmado, a contragosto pelos rápidos progressos do meu mal e pronto a lançar no opróbrio o jovem Iolas que me assistiu em sua ausência.
É difícil permanecer imperador na presença do médico, e mais difícil permanecer homem. O olho do prático não via em mim senão um amontoado de humores, triste amálgama de linfa e sangue."



Filme: Okuribito - titulo em português A Partida
2008 Japão
Direção de  Yojiro Takita
com: Masahiro Motoki, Tsutomu Yamazaki, Ryoko Hirosue, Kazuko Yoshiyuki.

CADERNOS DA MEMÓRIA - ENTREVISTA SIDNEY ROLAND


Sidney Roland
Artista plastico e Fotógrafo.
por Jacqueline Durans


Numa manhã de domingo, com uma luz e atmosfera especial, me encontro com Sidney Roland, o famoso "Pirambóia", apelido que recebeu ainda nos tempos do colégio. Com ele estava sua esposa Zilah, a quem ele atribui toda sua inspiração e devota o amor de sua vida.
A entrevista transcorreu como um bate papo, de modo natural, com todo o seu cavalheirismo e bom humor peculiar, Sidney respondeu as nossas perguntas. Através de suas respostas, observações e memórias, consigo traçar um recorte cultural e econômico de momentos especiais em nosso Pais.São retratos de um tempo onde o comum era um homem ter palavra e a grandeza estava em manter a honra do seu nome, mantendo-se virtuoso em seu caráter, mesmo que isso lhe causasse perdas financeiras.
Sidney Camargo Roland, nasceu em 24 de novembro de 1935, na cidade de Limeira, interior Paulista, filho de Lenyra Sampaio Camargo Roland e Ary Roland, que ele orgulhosamente declara que os dois possuíam habilidades artísticas. Lenyra, sua mãe formou-se normalista na primeira turma do Colégio São Jose, onde na época já havia na grade curricular aulas de pintura.
Seu Ary era santista e veio para Limeira trabalhar no Banco do Comércio e da Industria de São Paulo, e só não seguiu carreira como pintor, porque a família não permitiu na época.
Já sua mãe a professora Lenyra pode seguir seu talento e junto com seu primo - Osvaldo Gonçalves - que era professor de caligrafia no Colégio Santo Antonio. A escola/atelier, funcionava num sobrado na esquina da rua Dr. Trajano com a rua Santa Cruz.


JD - Qual a formação acadêmica do senhor?
Sidney - Inciei minha alfabetização no Grupo Escolar Coronel Flaminio Ferreira, onde minha mãe também estudou e posteriormente lecionou. Depois entrei no Colégio Castelo Branco e em setembro de 1955, antes que terminasse o terceiro ano do ginásio, entrei na Escola Varig de Aeronáutica, localizada em Porto Alegre para participar do curso de mecânico de aeronaves, que era meu grande sonho na época. A caráter de informação, um ano após minha entrada no curso, a escola foi reconhecida por sua qualidade e estabeleceu uma parceria com o SENAI, passando então a ser chamada de Escola SENAI Varig.


JD - O senhor chegou a terminar o curso?
Sidney - Me formei em 1957 e seis meses depois já trabalhando na área, houve uma grande greve dos aeroviários em todo Brasil, eu era o mais novo da equipe, e como todos aderiram a greve, acreditei que deveria apoiar os colegas. Rubem Berta (Presidente da Varig), não admitiu a possibilidade de greve na empresa, motivo pelo qual demitiu todos os que integraram o movimento, inclusive eu. Nesse dia, 23 de dezembro de 1957, eu vi interrompido meu grande sonho de estar a bordo de um "Constellation" como "Fly engineer".


JD - O que o senhor fez após este corte em seus planos?
Sidney - Primeiro fui para São Paulo tentar outras companhias de aviação, mas o mercado estava saturado de profissionais, então decidi ir para o Rio de Janeiro. Como no Rio também não consegui arrumar trabalho na área, busquei novos caminhos. Trabalhei como vendedor de maquinas de escrever na Remington, vendi automóveis na Cirpan, até ser contratado como vendedor da Fininvest, onde cheguei a ser gerente de vendas. Na Fininvest permaneci até ser criado o Banco Nacional da Habitação, o que propiciou o surgimento de empresas que ofereciam crédito imobiliário. Foi quando fui convidado para criar e desenvolver o departamento de vendas da Letra S.A. Crédito Imobiliário e posteriormente recebi uma proposta da Corretora Almeida e Silva, uma das mais tradicionais corretoras da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.


JD - Quanto tempo o senhor trabalhou no mercado de capitais?
Sidney - Até 1972, quando a bolsa de valores despencou. Para se ter uma ideia da desvalorização que esta quebra causou,  uma ação do Banco do Brasil que valia até a data dezessete cruzeiros, passou de uma hora para outra a valer  dois cruzeiros.


JD - E como este crash financeiro afetou sua carreira, ou melhor sua vida?
Sidney - Eu fiquei desesperado. Pessoalmente também sofri uma perda financeira significativa, de tal modo que tive que mudar radicalmente de ramo, e tornei-me comerciante, junto com um sócio abrimos um pet shop na Ilha do Governador. Depois que a situação foi melhorando, conseguimos abrir uma filial da loja no centro do Rio.


JD - Quando a arte começa a fazer parte efetivamente de sua vida?
Sidney - Através de uma brincadeira com Zilah, na época minha  noiva. Fomos juntos ver uma exposição na Galeria Bonino em Copacabana, do Iberê Camargo, que na época eu desconhecia totalmente seu trabalho. Ao ver as obras do artista, virei para Zilah e lhe disse: - Ah, isso ai eu faço (quanta pretensão eu tive naquele dia! rs). E Zilah, topou o desafio, me deu alguns tubos de tinta que possuía da época em que estudava e terminou dizendo que queria ver se eu fazia mesmo.
E foi assim que eu pintei a minha primeira tela, Zilah viu o resultado, gostou tanto que prometeu que quando tivéssemos a nossa casa, iria coloca-la numa moldura e pendurar na parede da sala. E assim aconteceu, quando nos casamos Zilah emoldurou a tela e realmente ela  a pendurou na parede de nossa sala, cumprindo então sua promessa. Curiosamente na casa de molduras, nomearam minha tela como "Sonho infantil".


JD - Alguém o influenciou ou estimulou o senhor a continuar pintando?
Sidney -Um grande amigo e talentoso pintor sacro, o Mario Mendonça. Em 1970, decidi dar a Zilah de presente de aniversario de casamento, uma tela do Mario, e a escolhida foi a que representava a primeira queda de Cristo a caminho da Via Crúcis. Mario prometeu emoldura-la e gentilmente se ofereceu para nos ajudar a escolher o melhor lugar para sua obra em nossa casa e pendura-la. Ao entrar em nossa sala ele notou o "Sonho infantil" e perguntou se era de um artista tal, que eu desconhecia. Rindo lhe contei toda a história da pequena tela e que a mesma eu que havia pintado. Ele então disse que eu devia estudar e continuar a pintar. Um dia sem aviso prévio, passou em casa para me apanhar, e sem explicações de onde iriamos, me levou a uma loja que vendia materiais para pintura, lá começou a separar uma série de itens, que me entregou dizendo: - Agora é só pagar e começar a pintar.    


JD - Houve algum professor importante para sua formação enquanto artista? 
Sidney - Por indicação do Mario, comecei a fazer aulas com o antigo professor dele, Aluisio Carvão. Quando conheci o Carvão me lembro bem de ter pedido que me ensinasse a desenhar, para que quando eu colocasse um nariz na orelha seria porque foi assim que imaginei. Foram dois anos de aprendizado, todos dias logo de manhã eu passava na casa dele em Copacabana e dali seguíamos para o Jardim Botânico até o seu atelier, onde eu permanecia pintando embaixo de uma bela arvore até às nove horas, quando então ia para a corretora, pois o pregão da bolsa começava às nove horas e trinta minutos.  


JD - Durante sua formação artística houve outros professores significantes? 
Sidney - A convite de um amigo, Joaquim Costa e Pinto - na época diretor da Casa Brasil Madrid - eu e Zilah viajamos para a Europa, onde permanecemos durante quatro meses e meio, e  durante dois meses que passamos em Madrid tive a oportunidade de estudar na Escola de Belas Artes São Fernando. Quando voltamos ao Brasil, me inscrevi em alguns cursos na  Escola de Artes do Parque Lage, eu gostava muito de estudar lá, de estar lá naquele momento, eram os anos oitenta. Foi também neste espaço querido que vivi uma situação bastante ambivalente, um dia ao chegar para a aula encontrei as portas da escola fechadas e descobri que não haveria aula porque estava sendo montada a que mais tarde ficou famosa como a exposição da "Geração 80" - movimento de retorno a arte pictórica, e sobre a qual eu e outro colega nada sabíamos. Indignado liguei para o diretor da escola e lhe falei sobre o quanto estava me sentindo órfão de mãe e de pai. O diretor na época alegou não estar ciente dos procedimentos e pediu-me desculpas. Passada a famosa exposição, eu e o Jaime Fernando (o outro aluno), fomos convidados a expor na PUC pelo tal diretor. Depois houve também uma homenagem ao professor e pintor Luiz Aquila no Parque Lage, e também fomos convidados (eu e o Jaime) e apesar de ainda me sentir magoado, passei por cima dos meus ressentimentos e topei participar da exposição. Depois deste fato na Escola do Parque Laje, só voltei a pegar num pincel quando retornei para Limeira em 1996.

JD - O senhor possui algum artista que influenciou esteticamente ou conceitualmente seu trabalho, ou então existe algum artista do qual goste muito?
Sidney - Influência não digo que sofri, mas sinto grande admiração por alguns artistas como Picasso, Paul Klee, Matisse, Lautrec e os brasileiros Mario Mendonça, Aluisio Carvão, Guignard, Anita Mafalti, Pancetti, Milton Dacosta entre outros.  

JD - Como o senhor administra sua relação com a arte?
Sidney - Sempre gostei de arte e sempre fiz porque me faz bem. Eu, nunca me preocupei em ser um artista profissional, optei sempre pela liberdade criadora. Permito-me experimentar sempre o novo e manter-me em estado de aprendiz, tramitando pelos diversos seguimentos das artes visuais.


JD - Depois de tantas "andanças, experiencias", como o senhor mesmo disse, consegue chegar a alguma conclusão sobre si mesmo, sobre a vida? 
Sidney - Acho que sou uma pessoa peculiar, com pavio curto para bobagens. Em compensação, nos momentos mais difíceis, sempre mantive o olhar no horizonte, de modo otimista, sonhador e acreditando que tudo pode dar certo.
Confesso que ainda carrego uma dor de cotovelo por não conseguido alcançar minha meta de ser um "Fly engineer" na Varig. Ainda hoje quando ouço o ronco do motor de um avião, sinto nostalgia. Foi marcante este momento de minha vida, que apesar de tudo, desde que fizemos vinte e cindo anos de formados, eu a turma classe que me formei, nos encontramos para uma confraternização da MG5 (quinta turma de Mecânicos Gerais da Varig).
Mas, se esta fase de minha vida tivesse dado certo, talvez eu não teria ido para o Rio de Janeiro, e conhecido aquela que ha quarenta e dois anos é minha melhor amiga, incentivadora, companheira, esposa e musa, a grande paixão da minha vida, Zilah.






















terça-feira, 27 de dezembro de 2011

CADERNOS DA MEMÓRIA - ARTIGO O CENTURIÃO E JESUS

Emiliano Bernado Silva auto retrato.
Neste artigo meu papel foi de organizar o material que o querido Emiliano, havia preparado para a revista, o que eu fiz com grande prazer por se tratar de  recuperar, registrar e manter viva, um pouco da memória de uma das personalidades mais importantes e queridas do cenario cultural da cidade de Limeira, Emiliano Bernado Silva, um incansável criador. JD


O Centurião e Jesus
por Emiliano Bernado Silva e Jacqueline Durans


O programa Vídeo Show da Rede Globo de televisão, completou este ano 25 anos no ar e um dos seus quadros mais apreciados é o "Falha Nossa". E assim como na televisão a história do teatro guarda em seus bastidores muitos momentos difíceis como: falas esquecidas; objetos cênicos que a contra regragem esquece de colocar no lugar pedido; cenário que despenca em cena durante a apresentação; essas e entre tantas outras trapalhadas, colocam os artistas em verdadeiras saias justas que os obrigam a desenvolverem difíceis improvisações e quase "matam" o pobre do diretor do coração, que impotente nada pode fazer. Verdadeiros micos, que tornam estes momentos inesquecíveis.
Numa dessas vezes, em 1961 o grupo amador de Teatro do Nosso Clube, foi apresentar a peça "Jesus" no cinema da cidade de Artur Nogueira, SP. No dia a cidade estava toda alvoroçada com a chegada do grupo e também por que era época de eleições, todos comentavam sobre a realização de um grande comício que aconteceria em breve e que seria decisivo para os votos. 
Já no Cine Teatro alguns elementos da equipe desmontavam a telona de projeção para os filmes, montavam a luz, a cenografia, enquanto outros passeavam pela cidade fazendo um "reconhecimento" de território. 
Alguns minutos antes do inicio do espetáculo, todos nós estávamos apreensivos aguardando o Zovico (Orlando Zovico, hoje presidente e apresentador da TV Jornal - Limeira) que estava bem atrasado. 
Emiliano que era o diretor do espetáculo, já se preparava para entrar e fazer o papel de centurião no lugar dele. Quando colocou o capacete e este era tão grande que chegava até o seu nariz, foi justamente neste momento que o Zovico chegou. Aliviado Emiliano pediu a todos que não falassem nada. 
Zovico ao começar a se preparar, mantinha seu olhar fixo, ao amarrar o cordão da sandália o fez de tal modo que este arrebentou. Todos correram para ajeitar a situação. 
Depois com tudo pronto, no terceiro ato quando o centurião entra para apresentar o Cristo (interpretado por Gilson Penteado) à Pilatos (vivido por Daniel Cristal), na marcação quando o Cristo ficava de joelhos, deveria levar um "tapa cênico" do Centurião. O Zovico que interpretava o Centurião, não teve duvidas e lascou uma bofetada para valer no Cristo, derrubando-o ao chão. Ao recuperar-se da surpresa o Cristo, ou melhor o Gilson diz sua fala: - Se satisfeito ainda não estas Marcus, aqui tens o outro lado da face do filho do senhor. 
Enquanto isso o elenco que estava na coxia, sussurrava baixinho: - Zovico. Calma Zovico. No palco diante do publico alheio a tudo, Gilson o Cristo murmurou baixinho para Zovico: - Dá seu..., que você vai ver. Todos ficaram em estado de suspensão aguardando o desfecho da situação.  Zovico então suspirou bem fundo e baixou a mão. A esta altura a peruca do Cristo, já tinha dado voltas em sua cabeça e ele foi obrigado a sair do palco andando de lado.
Felizmente tudo acabou bem, mas o burburinho foi tão grande que vinte anos depois, o Ricardo Galzerano, escreveu uma matéria sobre a Semana Santa na revista Acontece de abril de 1981, narrando sobre o fato e o movimento da cidade de Artur Nogueira naquele fatídico dia.
Transcrevemos aqui parte do artigo, escrito por Ricardo Galzerano e publicado na revista Acontece:
"Alguns artistas e outras pessoas, discutiam sobre politica num dos antigos armazéns de secos e molhados, enquanto beliscavam fatias de mortadela, linguiça e bebiam uma cervejinha."


Curiosidade:
Uma figura que o teatro contemporâneo quase aboliu definitivamente é a do "ponto", que ficava na boca de cena do palco, dentro de um pequeno alçapão, de costas e protegido da visão do publico por uma especie de guarita.
A função do ponto era acompanhar as falas das personagens e quando algum ator esquecia seu texto o "ponto" o ajudava soprando o mesmo para o ator.
Limeira também possuía os seus "pontos",  entre eles estava o Napoleão Fonseca que certa vez ao receber a incumbência de durante uma apresentação tocar uma campainha de telefone quando o ator soltasse a deixa. Aconteceu que ele num mal jeito bateu na campainha e esta rolou em pleno palco diante do publico. Na hora todos ficaram atônitos - atores, publico e direção - diante do inusitado daquela situação, uma tipica falha nossa ao vivo.


Para falarmos sobre a história do teatro de Limeira, é importante lembrarmos que em 1926, portanto a mais de oitenta anos, foi montada e apresentada em nossa cidade uma revista musical - Ave Limeira. No programa da peça dizia o seguinte: Revista em III actos e uma apotheose. Original dos Senhores, Dr. Julio César da Silveira, Dr. Odécio Bueno de Camargo, Candido Cintra Ulhoa Coelho, Victorino Prata Castello Branco e Evaristo Esteves.
A apresentação era composta por vinte e cinco números musicais, dos maestros, Francisco Puzzone e Mario Monteiro
O Elenco:
Entre as onze senhorinhas: Sebastianinha Barros de Almeida (representando a cidade de Limeira), Nícia de Toledo Serra, Josina Ferraz Pompeu, Lola Ragazzo e Alda Pellegrini.
Entre os vinte e uma meninas: Helena Monteiro de Barros Santos, Nair Pellegrini, Glorinha Andrade Amaral, Nair Redondano e Maria José do São Matheus (que mais tarde viria a ser a primeira rainha da festa da laranja de Limeira), Helena e Zoraide Baenninger, Cacilda Braga, as irmãs Clóris, Cybelle e Aurora Peres Rios.
Entre os dez Senhores: Octávio Almeida Guimarães, Oscar Ramalho, Renato Pereira Guimarães e Benjamim Fonseca.
Entre os dezesseis meninos: José Joaquim Duarte do Páteo, Oscar Machado Gomes, Egisto Ragazzo Filho, José Breno Guimarães, Alvaro e Maximiliano Prada.




Emiliano Bernado Silva é 
Fotografo, Videomaker, 
Pintor e muito, 
muito mais...





CADERNOS DA MEMÓRIA - ENTREVISTA STIVAL FORTI ou ZÉ CÔCO

Imagem do Jornal de Limeira
Stival Forti
Artista plástico, Músico e Luthier
por Jacqueline Durans


Numa tarde junina e fria de sábado, às 17h30 sou recebida por sua dedicada e gentil esposa Virma, que me encaminha até a sala onde sou aguardada pelo artista. As paredes da casa sustentam várias de suas belas obras. Sobre o sofá vários de seus instrumentos musicais repousam aguardando seu toque. 
Stival Forti ou o Zé Côco como os amigos carinhosamente o chamam, é um homem arguto, sagaz e inquieto, naturalmente dono de uma sabedoria e cultura refinada, capaz de discorrer sobre os diversos seguimentos da arte, e citar Saramago.
Antes de começarmos esta entrevista, meus anfitriões me recebem com um delicioso breakfast, composto por um delicioso bolo de laranja, que ele mesmo (Stival) assou naquela tarde. Sempre que sinto perfume de bolo de laranja, me lembro do primeiro dia que cheguei a Limeira, e minha alma se aquece.    


JD - Qual a formação do Sr.?
Stival - Cursei a Escola Técnica Getúlio Vargas, mas o estudo formal não deu muito certo para mim. Eu era tímido demais, recém chegado da roça. Um dia durante a aula, o professor de modo exaltado me disse: - Eh, menino! Você está fazendo o desenho com a folha de ponta cabeça?  E então toda classe caiu no riso, desde aquele dia eu fui embora e nunca mais voltei. 


JD - Quando foi que descobriu seu talento para o desenho, e para a pintura?
Stival - Ah, desde menino. Minha família era muito simples, meu pai trabalhava na roça e eu o acompanhava. Enquanto realizava suas tarefas, eu ficava horas desenhando com uma varinha no chão de terra. Mais tarde, um amigo - Luis Bianchini - me deu as primeiras bisnagas de tinta, na época eu pintava paisagens, estampas compradas na casa Michelangelo em São Paulo, e desde então nunca parei.


JD - O Senhor se lembra do momento em que decidiu que seria um artista profissional?
Stival - Certa vez, fui levado a Pinacoteca do Estado de São Paulo pelo Francisco Bocanhe, fiquei deslumbrado com o que vi, as pinturas, esculturas de nossos artistas do período entre século XVI até o XX, que não ficam a dever nada para o cenário mundial das artes. Creio que foi naquele momento que decidi realmente ser artista.


JD - O Senhor consegue identificar algum artista brasileiro que tenha influenciado, seu trabalho? 
Stival - Não diria que me influenciou, mas sou um admirador confesso do Almeida Junior - ele também se lembra e reconhece o talento do amigo e artista talentoso Fabio Jacon, morto precocemente.- 


JD - E os artistas internacionais, existe algum que o marcou de modo definitivo?
Stival - Rembrandt, sem duvida alguma. Me emociono com sua obra e sua vida.


JD - E a musica, como começou a envolvimento do Senhor com ela?
Stival - Eu digo sempre, que não consigo conversar sem o meu violão, quanto mais imaginar um mundo sem música. Minha maior influencia foi meu irmão Antonio Forti, que junto com seu parceiro formavam uma dupla caipira. As vezes, ele deixava seu violão em algum canto e lá ia eu brincar de fazer musica. Em São José do Rio Preto, cidade em que vivi parte da minha adolescência, havia uma loja de instrumentos musicais, onde violões eram expostos pendurados no teto, quantas vezes fiquei ali, olhando aqueles instrumentos, sonhando um dia também possuir o meu violão, e me sentia triste pois eu achava que nunca conseguiria comprar um. 
Hoje até me assusto tropeçando pela casa nos violões, violas, cavaquinhos que possuo (risos).


JD - O Senhor já fez parte de algum grupo musical? 
Stival - No auge da Jovem Guarda, eu e alguns amigos montamos uma banda de Rock-in-Roll, a The Bats, e com ela chegamos realizar vários shows tocando musicas dos Rolling Stones. Houve uma oportunidade em que o Geraldo Alves, nos pediu para abrirmos em Araras um show do Roberto Carlos - que já era o Rei na época - e foi um acontecimento bem bacana para todos nós.

JD - Quando e porque o Senhor decidiu construir seus próprios instrumentos?


Violão Stival Forti
Stival - Por necessidade pura e simples. Como eu não possuía condições de comprar meu próprio violão, comecei a frequentar na rua Aurora em São Paulo, a Fabrica Del Vechio. Lá o Turilo e o Chico, sempre me deixavam observar a produção dos instrumentos e foi assim, através de muito estudo, observação e pratica que aprendi o oficio da Lutheria. Agora me espanto muito, quando alguém quer saber fazer um violão em um mês, eu levei trinta anos para aprender.


JD - Como é viver como trabalhador da arte?
Stival - Cada dia um dia, minha arte me deu prêmios, me levou a muitos lugares do Brasil e no exterior, através dela também conquistei parceiros e amigos como o marchand Eduardo Correa Neto.


JD - O Senhor tem algum conselho para o jovem que deseja seguir o caminho da arte?
Stival - Esforço; empenho e muito estudo e trabalho.


JD - Uma lição de vida?
Stival - Que todo tipo de fanatismo, empata a vida do homem. 


JUN2009




Obs.: esta matéria possui registros fotográficos do artista e sua obra, que neste momento estou sem acesso, mas prometo assim que possível ilustrá-la com alguns dos trabalhos deste grande pintor moderno, e também fotografo talentoso que tive a oportunidade de expor suas pinturas na Mostra de Artes Visuais - O Moderno e o Contemporâneo e também suas fotos no Grafias da Luz, projetos que desenvolvia na Oficina Cultural Regional Carlos Gomes - Palacete Levy - Limeira - SP, Brasil.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Gaveta 31 - Alma encantada com o bater de asas das borboletas amarelas.





Maya levantou um de seus véus
Uma cegueira se dissipou
É desolador

Finda-se a jornada através da Neblina
Resta saber se, algo restou
É o que me pergunto.



Jacqueline Durans

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Gaveta 30 - Alma encantada com o bater de asas das borboletas amarelas.



Depois de um job estafante, tive a triste surpresa de descobrir que haviam "batido" minha carteira de dentro da minha mochila. 

E não acho que este tipo de coisa só acontece no Rio, infelizmente crimes acontecem em toda parte.

O mais incrível é que, eu senti que algo estava errado, olhei para trás vi um homem, possivelmente aquele que me roubou, mas sei lá, talvez pelo cansaço físico, emocional, não me liguei na situação e voltei a esperar o transporte. SEGUNDOS depois quando olhei para trás, o tal homem havia desaparecido. Me entristeci muito, bateu um desanimo, cansaço mesmo diante de tantas...enfim.

Sabem o que mais me impressionou,  eram umas 18h e alguma coisa, o ponto do ônibus estava cheio de pessoas e ninguém fez um gesto ou disse uma palavra...

Bem voltando, percebi o zíper da mochila aberto, e que a minha carteira de couro de jacaré falso, havia sumido. O dinheiro é importante, sim, mas mais ainda as fotos do Mike - meu filho - expostas de modo cronológico no lugar o talão de cheques; os tantos santinhos guardados a tanto tempo, ganhos de amigos queridos que trouxeram de suas viagens me desejando sorte; a planta baixa do meu futuro apartamento esboçado numa folha de caderno guardada em segredo, e a sete chaves; a nota de um dolar que o Du me deu numa virada de ano para dar sorte e ter prosperidade; o meu cartão do cine Santa Teresa; e outros cartões de cliente preferencial numa sorveteria bacana, numa outra loja, na livraria nobel...; os tantos cartões de fornecedores interessantes e o meu CPF.

Como dizem, foram se os anéis mas ficaram os dedos.

Eu, ainda guardo a esperança de que alguém tenha encontrado a minha carteira preta de couro de jacaré falso, e ainda consiga me devolver, afinal o valor e importância destes objetos só existem para mim.

Também não posso esquecer que quando estamos num ano 9, podemos ter e receber bençãos maravilhosas e únicas, mas aquilo que tiver que ir embora ira, a gente querendo ou não.

Felizmente temos amigos, uma história, projetos, amor, filho, família...logo depois fiquei sabendo de algo bacana que aconteceu para uma amiga, soube de outros que estava tudo bem, recebi carinho de amigos próximos e distantes, e toda aquela carga foi se diluindo, voltei a respirar.

E, esta semana - o roubo aconteceu sexta feira passada - recebi boas noticias do meu amado filho, que tem enfrentado sua jornada e tirado pedras do seu alforge, descobrindo que tudo pode ser mais leve e amoroso. Melhor ainda, ele me falou de um projeto muito especial, que em breve compartilharei com todos, com o mundo! rs

É, surpresas boas também acontecem...






quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

CADERNOS DA MEMÓRIA - FAMÍLIAS DE LIMEIRA



A partir de hoje, com a permissão do meu editor, Sr. Paulo Masuti Levy (que segundo nosso amigo em comum, Edu de Paula bem o denomina como o "Senhor Guardião do Tempo"), passo a transcrever aqui em meu blog, as matérias que realizei para a revista Cadernos da Memória, da Associação Pró Memória de Limeira (SP).


O primeiro volume do Cadernos da Memória foi distribuído discretamente em 2008, nesta edição participei com a entrevista do querido artista plástico e luthier, Stival Forti e co/escrevi a matéria "O centurião e Jesus", com o querido Emiliano Bernardo Silva. Já o segundo Cadernos da  Memória teve seu lançamento celebrado no hall do teatro Vitória em Limeira, em abril de 2011, com a presença de convidados, parceiros, autoridades e especialmente entrevistados e familiares entrevistadas.     



São dezoito entrevistas publicadas, através das quais ampliei meu olhar sobre a vida, sobre estas pessoas, seus bons combates e ainda conheci um pouco mais da história deste Brasil, com sua cultura tão plural:


Família Badih Bechara
Família Daisy Santiago Ramello
Família Eudóxia S. Castro Quitério 
Família Emiliano Bernado Silva 
Família Francisco Alves de Lima 
Família Geraldo Furlan
Família Gino Contin
Família Helena Maria Roland
Família Henrique Malavazi
Família Herculano Jacon
Família João Batista Borelli
Família Maria Aparecida Alves dos Santos
Família Maria de Carli
Família Manoel Buzolin
Família Odécio Cavinatto
Família Paulo Cesar Cavazin
Família Pedro Paulo Granço
Família Silvia Gazeta


Este trabalho foi uma oportunidade unica e rica em minha vida, e pelo qual sou extremamente grata, durante esta jornada que só acrescentou experiências e conhecimentos, além do respeito e carinhos colhidos em fins de tarde, ao sabor de um bom café em suas casas, no período entre julho de 2008 a julho de 2009.




Gratidão a todos!
Dez2011


* Interessados em adquirir exemplares dos Cadernos da Memória, podem encontra-los na banca 4º Centenário, na Praça Toledo Barros em Limeira, SP. 



domingo, 4 de dezembro de 2011

Gaveta 25 - Alma encantada com o bater de asas das borboletas amarelas!



Quando abrir uma porta,

é importante que ao sair
o faça de modo grato, e 
se decidir fecha-la 
faça uso da 
delicadeza!


Jacqueline Durans



sábado, 3 de dezembro de 2011

Gaveta 24 - Alma encantada com o bater de asas das borboletas amarelas!

Naqueles dias eu não sabia, eu não entendia...
















Que bastava de concessões feitas em nome da felicidade.
Que não estava lá, nem acola...nem em Bangladesh.
Sempre esteve aqui, além desta pele que me acolhe.


Instalação Corte a Flor da minha Pele de Jacqueline Durans.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Gaveta 23 - Alma encantada com o bater de asas das borboletas amarelas

Sempre haverá Paris...
Para Henry Miller ela era cinza dos "cinzas indispensáveis à criação de uma existência plena e harmoniosa”.
E Hemingway acreditava que: -  “sempre vale a pena, porque o sujeito aí sempre recebe algo em troca do que dá”.


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E porque "Paris é uma festa", como dizia Hemingway! 


fonte imagens: All Posters

Gaveta 22 - Alma encantada com o bater de asas das borboletas amarelas



Só podemos ver aquilo que nos deixam ver. 
Mas. sempre podemos enxergar aquilo que sentimos.



Jacqueline Durans